[Publicado originalmente no facebook - aqui.]
[Também publicado no Mídia Sem Máscara - aqui.]
“Se for bonzinho com elas, elas montam em você.”
A frase é do barman Sammy, em carta ao escritor protagonista Arturo
Bandini, no romance “Pergunte ao pó”, de John Fante, que marcou minha
juventude.
Na opinião de Sammy, Bandini não tinha o mesmo
sucesso que ele com a garçonete Camilla Lopez, porque não sabia lidar
com mulheres mexicanas. Elas “não gostam de ser tratadas como seres
humanos”, explicava o barman (que hoje seria acusado de machismo,
racismo, xenofobia, preconceito e tudo mais, sendo o autor excluído de
toda e qualquer bibliografia acadêmica, caso nela estivesse).
Muitos anos se passaram desde que li Fante pela primeira vez, mas, se
tem uma coisa que os homens do mundo nunca me deixam esquecer, é a falta
que uma Camilla Lopez faz em sua educação sentimental e política.
Amar uma “mulher mexicana” é um ótimo aprendizado, sobretudo se você
tem um Sammy por perto (ou uma boa terapeuta, ok?) para tirar da
experiência as devidas lições.
Não sei se o senador Rand Paul
teve, mas louvada seja sua luta de 1 mês e meio, com direito a um
discurso de mais de 12 horas, para arrancar do governo Obama um simples
“não” à pergunta: “O presidente pode usar aviões não tripulados para
matar cidadãos americanos não envolvidos em combate, em pleno território
dos EUA, como usa contra terroristas fora do país [matando inclusive o
filho de 16 anos de um deles, para silêncio da imprensa obamista]?”
Por mais de uma semana, o procurador-geral Eric Holder alegara apenas
que o governo não tinha a "intenção" de fazer isto, sugerindo que
poderia fazê-lo se eventualmente lhe desse na telha. Só quando a pressão
ganhou o noticiário e o apoio da população, Holder respondeu negativa,
taxativa e oficialmente à “pergunta adicional” de Paul.
[Não
repare: quando um esquerdista se refere a uma “pergunta adicional”,
significa que você já está lhe fazendo esta mesma pergunta há 1 mês e
meio.]
Se Paul não a tivesse feito, impondo-se sozinho a
contragosto de republicanos “bonzinhos” como John McCain, o governo que
se diz transparente teria legal e literalmente em mãos, por controle
remoto, a possibilidade de mandar pelos ares qualquer cidadão – sentado
num café de rua, para usar o exemplo de Paul - que o próprio governo
considerasse apenas “suspeito” de terrorismo.
“Ah, mas é
ridículo achar que eles fariam isso!”, dizem uns e outros, seja por
ingenuidade incurável, ignorância histórica, cegueira ideológica ou
má-fé partidária. Ora. Proteger a população contra abusos futuros, por
mais hipotéticos que sejam, exigindo esclarecimentos sobre declarações e
decretos vagos ou suspeitos, é uma obrigação básica de qualquer
político de oposição.
Que tenha surgido um (hum) dessa espécie
no quinto ano do governo Obama é uma prova de que os EUA ainda precisam
piorar muito para chegar ao nível de testosterona do Brasil, onde nunca
se viu tal coisa nos 10 anos petistas.
Hoje, depois de 40 anos
de hegemonia cultural da esquerda, a presidente Dilma Rousseff pode
falar que “Nós podemos brigar na eleição, nós podemos fazer o diabo
quando é a hora da eleição” que nenhum político a azucrina; os
parlamentares do PT podem derrubar o requerimento para Marcos Valério
falar no Senado sobre a ligação de Lula com o mensalão que nenhum
político faz um discurso de 12 horas a respeito; Lula pode chamar de
“assunto pessoal” o fornecimento de todas as regalias públicas à sua
“amiga íntima” Rosemary Noronha e de “questão privada” os milhões que a
Telemar (hoje Oi) investiu na empresa de seu filho que nenhum político
lhe arranca explicações; o Mapa da Violência pode mostrar um país com
36.792 homicídios em 2010 só por arma de fogo (lembrando que apenas 5%
do total geral é elucidado) que nenhum político vai à TV, a não ser para
falar em desarmamento; o prefeito de Santo André pode inaugurar uma
fila de 8 cadáveres relacionados ao mesmo caso que nenhum político
consegue abalar a reputação dos nossos governantes (e nem lhes oferecer,
por ironia, um aviãozinho não tripulado, caso um dia eles ou os
companheiros das Farc julguem mais prático o uso do controle remoto).
É por essas e outras que o debate público americano é muito mais
divertido. Lá, ainda há no rádio, na TV a cabo e no Senado algumas
pessoas conscientes de que os revolucionários são como as mulheres
mexicanas de Fante:
“Se for bonzinho com eles, eles montam em você.”
Pergunte ao Paul.
*****
Felipe Moura Brasil é o malvadinho autor do Blog do Pim: http://felipemourabrasil.com.br/
Pós-escrito: Assista ao discurso de Rand Paul no CPAC 2013 [Conservative Political Action Conference] e veja se não faz falta um político assim no Brasil.
[Leia também as 2 notas do dia do anúncio do novo Papa - aqui e aqui.]
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"Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo." (Lima Barreto)
quinta-feira, 14 de março de 2013
Pergunte ao Paul
Postado por
Felipe Moura Brasil (Pim)
às
13:42

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